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20 janeiro 2011

O início da luta

Depois de alguns dias que chegamos em casa, tivemos a primeira consulta ao pediatra, ele conhecia todo o histórico da minha gravidez, pois era marido da médica que me acompanhou. A atenção que ele nos dispensava era especial, solicitou vários exames e nos orientou a procurar os especialistas que deveriam acompanhar o Renan. No início eram nove especialistas, na minha cabeça não seria tão difícil conseguir, eu tinha um bom plano de saúde e estava de licença maternidade, mas não foi bem assim. O Renan começou a ter febre alta  de repente, quando eu chegava nos médicos com ele, eu ouvia: "mãe leva essa criança embora, eu não sei nem por onde começar a cuidar dela", outros diziam: "mesmo que a senhora me pague duzentos reais por consulta eu não quero o caso do seu filho" e olha que há onze anos atrás esse era um valor considerável. Comecei a entrar em desespero, afinal ninguém queria cuidar do meu filho. Aos cinco meses de idade, ele teve a sua primeira internação por causa de um problema renal, depois disso ele passava pelo menos quinze dias de todos os meses dentro de um hospital. Aos nove meses ele foi internado por causa de uma infecção no ouvido, que foi se agravando, mesmo tomando medicação na veia, afetando os pulmões e acabou sendo levado para a UTI, onde ficou por dezessete dias.Lembro-me como se fosse hoje, era dia das mães,a minha filha estava fazendo uma homenagem para mim naquele dia na escola dominical  e o meu outro filho estava entre a vida e a morte em um hospital muito distante da minha casa, mas onde nós comparecemos em todos os horários de visita. Após dezessete dias de UTI, ele foi para quarto e o médico me disse que eu teria que dedicar todo o meu tempo à ele se eu quisesse mante-lo vivo.
Foi então que decidi abrir mão do meu emprego, esqueci que eu era uma mulher e me dediquei totalmente à ele. Eu tinha uma ansiedade muito grande em encontrar um médico que quisesse estudar o caso dele, eu sabia que se tratava de uma doença rara, mas não tinha um diagnóstico fechado. Certo dia eu estava tão cansada de levar a porta na cara de todos os médicos que procurava, eu dobrei os meus joelhos e clamei ao Senhor, para que Ele me mostrasse o caminho a seguir, que colocasse um médico preparado por Ele para cuidar do meu filho.
Passado alguns dias eu peguei o livro do convênio e abrir na página de uma alergista, liguei e marquei uma consulta, depois eu fiquei pensando: "Meu Deus o que vou fazer em um alergista, não tem nada haver com o problema dele". Quando chegamos no consultório ficamos esperando para sermos atendidos, algum tempo depois ela veio até a sala de espera nos chamar, quando eu a olhei, o seu rosto tinha um brilho diferente, entramos na sala, expliquei a situação e na mesma hora ela pediu que o Renan fosse internado,uma porque ele apresentava um quadro de espasmo, com o abdome muito distendido e outra porque ela iria abraçar a causa e nos levar para o Hospital Sã Paulo, onde ele teria toda a assistência e o diagnóstico da síndrome fechado.
Naquele momento eu disse " Louvado seja o Senhor porque mais uma vez Ele atendeu ao meu clamor".

3 comentários:

  1. Nem sei o que dizer....Me lembro perfeitamente desse dia..... foi muito triste.Me lembro do olhar dele dizendo pra nao deixa-lo sozinho.

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  2. Nossa! eu imagino como deve ter sido mto triste

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  3. Gisele disse...
    Também me lembro...quando acabava a visita e a gente falava que estava na hora de ir embora, as lágrimas escorriam dos olhos dele e mesmo com a mãozinha amarrada ele a balança nos dando tchau e quando saíamos de dentro daquela UTI não conseguíamos conter o choro, pela tristeza de deixa-lo naquele lugar sozinho.

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