TRADUTOR

01 fevereiro 2011

Quebrando Barreiras

Os anos se passaram, sua inteligência era impressionante, com apenas quatro anos ele já sabia ler e escrever, quando minha filha chegava da escola e pegava os cadernos para fazer lição ele ficava em cima dela e pedia para que o ensinasse, ela como sempre muito carinhosa e paciente ficava um tempão com ele, acredite se quiser, mas com o tempo ele já estava contando até dez em inglês. Isso era lindo, porém me assustava toda essa inteligência, meu medo era de que ele sofresse com a discriminação das pessoas, até mesmo porque eu sempre escutava algum tipo de comentário sobre ele. Decidi então que estava na hora de começar a ter uma conversa franca com ele, claro que numa linguagem que pudesse entender.
Uma noite entramos no quarto de porta fechada e começamos a conversar, expliquei que ele tinha uma doença que não tem cura, que além de afetar os órgãos internos ela impediria ele de crescer, por isso ele era tão pequeno. Á medida que a nossa conversa evoluía, mais perguntas ele fazia e com muito amor eu respondia a cada uma delas sempre frisando que isso não o faria inferior a ninguém, ele podia fazer tudo que quisesse, vencer todos os obstáculos desde que tivesse força de vontade e não se sentisse um coitadinho, porque isso ele não era, Deus havia sonhado com ele dessa forma e que podia ter certeza do nosso amor. Falei também que ele podia ser muito feliz, porque existem coisas muito mais importantes em uma pessoa do que a aparência física. A alegria e felicidade de um deficiente contagiam muito mais do que uma pessoa perfeita e amarga. Então pelo menos uma vez por semana tínhamos uma conversa como essa e isso fez com que ele se sentisse seguro e confiasse mais em mim.
Acredito que a decisão de ser sincera ajudou muito, percebíamos que o tempo passava e ele estava cada vez mais solto, quando íamos à praia, sempre ouvíamos comentários desagradáveis, mas ele não se importava, pelo contrario ele aprendeu a se defender do preconceito, que infelizmente na sociedade em que vivemos é extremamente absurdo. As pessoas se preocupam mais com o exterior do que com o interior, esquecem que um portador de necessidades especiais tem sentimentos, direito de ser feliz, de ir e vir e principalmente de ocupar um espaço que é seu por direito, porque foi Deus o Criador do céu e da Terra que os fez assim como são. Posso afirmar que são pessoas lindas, inteligentes e principalmente felizes. Eu agradeço a Deus todos os dias pela dádiva de ser mãe de uma criança especial.

Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; (Efésios 1:11)

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